O experimentalismo toma conta do trabalho de Felipe Neiva. Pouco mais de um ano após o lançamento do último álbum de estúdio, Jornal Anos 20 (2018), o cantor e compositor niteroiense está de volta com um novo registro de inéditas. Intitulado Filho (2019), o registro de 11 faixas e distribuição pelo selo Cavaca Records, amplia consideravelmente tudo aquilo que o músico vem produzindo desde o início da carreira. São melodias e versos abstratos, porém, repletos de significados, estrutura que se reflete na forma como o cantor muda de direção a todo instante, jogando com a experiência do ouvinte
Produzido e gravado quase inteiramente pelo artista, o trabalho vai da psicodelia eletrônica à música de vanguarda em um estranho cruzamento de ideias, como um encontro entre Jards Macalé e Yves Tumor. Nos versos, reflexões sobre o atual cenário político do Brasil, relacionamentos fracassados, o isolamento dos indivíduos e cicatrizes sentimentais que se acumulam desde a infância. São faixas como a entristecida Pra Si, com suas batidas e vozes melancólicas, ou mesmo Casa, com mais de dez minutos de ruídos sobrepostos, reflexo da mente insana e criativa linguagem adotada pelo compositor.
Felipe Neiva – Filho